Médiuns e Mediunidade - José Ferraz
Um grande número de indivíduos
procura o Centro Espírita com um diagnóstico próprio
ou de terceiros, afirmando que a mediunidade está prejudicando suas existências físicas e lhes causando sérios problemas.
ou de terceiros, afirmando que a mediunidade está prejudicando suas existências físicas e lhes causando sérios problemas.
Desfilam queixas e lamentações
descabidas, asseverando uns, que se fosse para libertá-los dos vexames,
estariam prontos para iniciar o desenvolvimento da faculdade de que se dizem
portadores; outros, todavia, numa atitude irreverente, preferem solicitar pura
e simplesmente uma fórmula milagrosa, a fim de se livrarem, segundo eles, dessa
cruz que lhes está a impingir sofrimentos injustos. Terminam, via de regra, com
a seguinte frase: “Nunca pedi a Deus tal faculdade!”...
Torna-se necessário esclarecer de
imediato que a mediunidade nunca foi fator de desditas e nem tampouco, o querer
desenvolvê-la ou o deixar de fazê-lo propiciará a alguém liberar-se dos
compromissos conscienciais assumidos nas próprias provações escolhidas ou
aceitas antes do processo reencarnatório.
Para que fique bem claro, a faculdade
medianímica, conforme preceituou Allan Kardec, em O Livro dos Médiuns, é
neutra, instrumento de trabalho que se manifesta através de uma predisposição psicofísica
capaz de produzir quando utilizada para a prática do bem ao próximo sem
qualquer interesse subalterno, o ressarcimento de pesados débitos do seu
portador catalogados na Contabilidade Divina, além de ser um caminho de
evolução moral-espiritual.
Todos os males assinalados nos seres
humanos têm as suas matrizes na tecelagem sutil do perispírito. Ali se
encontram os registros da boa ou má utilização que se faz dos patrimônios que a
Vida a todos nos concede. O mau uso desses valores fica regido pelas
consequências dos atos perpetrados pelos indivíduos no uso do seu
livre-arbítrio, obrigando-os, para efeito reeducativo, a serem os seus próprios
herdeiros. Em decorrência disso, assevera a concepção espírita de que ninguém
sofre injustamente, nem por imposição da Divindade. Colhemos o que semeamos.
Portanto, esses que se fazem passar
hoje, como vítimas inocentes, são facilmente identificados, embora estejam numa
nova indumentária carnal. Como a individualidade não se consome na sepultura na
feição de espírito imortal, eles retornam ao palco da existência física com a
finalidade de se submeterem ao impositivo da lei de progresso. São os
trânsfugas da Lei Divina, escrita na consciência individual de cada ser
inteligente, procurando fugir de si mesmos, atormentados por um passado culposo
e um presente vazio de realizações na arte de amar. Injustamente, transferem
para a mediunidade, o motivo das suas frustrações e infelicidades...
Pergunta-se, então: são todos, os
que assim sofrem, realmente médiuns, na acepção exata da palavra? Precisam
desenvolver de pronto a faculdade que existe latente em todos eles? Obviamente,
que a resposta é negativa. A maioria deles constituem-se de Espíritos
encarnados acicatados por profundas exulcerações morais de difíceis
cicatrizações.
Portadores de doenças espirituais,
necessitados de assistência espiritual de longo curso, mas que se resolvessem a
beber a água lustral do Evangelho de Jesus Cristo, encontrariam a cura
antecipada para os sofrimentos atuais.
No entanto, uma parcela deles possui
o afloramento da mediunidade ostensiva precisando desenvolvê-la e educá-la para
tornarem-se instrumentos hábeis nas mãos dos Instrutores Espirituais. Por falta
de definição com respeito aos compromissos assumidos no Mundo Espiritual para o
labor em benefício dos sofredores da Erraticidade inferior com os quais
sintonizam, absorvem as vibrações enfermiças dessas entidades acarretando-lhes
distúrbios emocionais de toda ordem, inclusive obsessões pertinazes de caráter
pandêmico.
Devem ser acolhidos no Setor de
Atendimento Fraterno para orientá-los, a fim de incorporarem-se aos grupos de
estudo da doutrina espírita, frequentarem as reuniões públicas doutrinárias,
receberem o benefício da bioenergia, sorver a água fluidificada e, caso seja
necessário, pela persistência de sintomas orgânicos, buscar a assistência
médica especializada.
Esta é a fase de desintoxicação dos
fluidos enfermiços a que estão habituados, causa das chamadas doenças
enigmáticas. Conforme a disposição de cada um e o interesse que demonstrar em
se renovar moralmente, começam a sentir depois de sua integração no Centro Espírita
os efeitos salutares da terapêutica recomendada, com reflexos imediatos no
psiquismo e na saúde física.
Para efeito de uma melhor
aclimatação aos hábitos novos adquiridos, hão que encontrar tempo paras reflexões
necessárias. Como consequência de uma nova ordem de ideias de que se vão
tomando conhecimento, o melhor seria oferecerem-se para pequenas tarefas, o
laborterapia, indispensáveis para a harmonização interior. Em seguida, por
deliberação espontânea, solicitar permissão a quem de direito para ingressar em
grupamento mediúnico na Casa Espírita da sua opção.
Agosto 2013
José do Couto Ferraz, quando em vida, foi trabalhador da Mansão do Caminho (Salvador/Bahia), médium
ostensivo e membro cofundador do Projeto Manoel Philomeno de Miranda .

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